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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Contém Glúten



Desde que nasci neste lugar repleto de Benícios e Benícias não deixei de notar um pequenino jogado no canto escuro da vila. O que seria a aproximação, sem que os que se preocupam não notassem? Enquanto os que se diziam bondósos continuavam suas converças sobre o quão alto era o céu e o que fazer para alcançar o topo, me desviei no primeiro beco para analizar o que era aquela coisa no canto. Notei que estava toda machucada e com feridas profundas, quase incuráveis. Sem ligar para as imundíces que o rodiava, sentei ao seu lado e começei o questionamento.
Por que dessa situação? O que o levou a tão despreso?
Muito acanhado e envergonhado não quis responder. Então, me lembrei das palhaçadas feitas por meus pais quando estava emburrado e o sorriso que soltava em seguida. Pois bem, peguei um pouco do que o sujava, bem perto de onde ele estava, e passei em todo o meu corpo, inclusive no rosto. Olhei para ele com uma cara de criança e, logo depois ele me devolveu um sorriso escondido, mas que rápido se tornou uma garagalhada em conjunto.
Seu moço, eu era igualzin você. Morava na vila com os meu colégas e família. Não era de muitos bens, mas era feliz com o que me era dado. Um dia aí, me deu de ganhar um dinheiro a mais com o"comercio"Deixei os coléga de lado e me estendi pros coléga errado. Mas, mas! Eles falaram que era de retorno. O retorno que ganhei moço, foi perder minha velha vida boa na vila. As feridas? Ganhei de fugir dos tira e conssegui esse cantinho pra mim. Prefiro que achem que eu sô uma coisa, pois não quero voltar praquele lugar nem quela vida.
Fiquei assustado com o que ouvi, mas a única coisa que me veio na cabeça foi tira-lo dali. Ele não teve tantas oportunidades igual a mim. Com tanto orgulho, os que tentavam alcançar o céu nem percebram o que se passava ali. Levei-o para minha casa, cuidei dele. Dei outra oportunidade para aquele que não teve muitas.

Olhar diferente para os bandidos que causaram esse pânico no Rio de Janeiro seria bom. A mídia coloca eles como os vilões, não estou dizendo que eles não tem culpa, mas estou dividindo ela para a burguesia PODRE que compra o que eles fornecem.

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